Mais de 27 mil mulheres foram vítimas do crime de perseguição em 2021

Mais de 27 mil mulheres foram vítimas do crime de perseguição ao longo do ano passado. Foram exatamente 27.722 ocorrências desse crime, também conhecido como stalking. É um novo tipo de violência, que foi incluído pela primeira vez no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A delegada titular da Segunda Delegacia de Defesa da Mulher da cidade de São Paulo, Jacqueline Valadares, explica o que é esse crime de perseguição ou stalking: “É um assédio pessoal caracterizado por meio de contatos forçados, indesejados, entre o agente e a vítima. E para que a gente fale em em stalker há a necessidade de que esse comportamento seja repetitivo, reiterado, deixando a vítima em um constante estado de alerta, de preocupação, de forma que aquilo acaba abalando a vítima psicologicamente.”

Os dados da pesquisa ainda estão incompletos, porque as polícias de cinco estados não registravam o crime de perseguição até o fim do ano passado: Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Por isso, o Fórum de Segurança Pública avalia que o número de casos pode ser bem maior que os 27 mil notificados.

O estado de São Paulo lidera a estatística, com 38% das denúncias. São mais de 10.500 casos de perseguição. Em segundo lugar vem o Rio Grande do Sul, com mais de 3.800 queixas, e o Paraná, com quase 2.900 registros.

As ocorrências de stalking podem ser registradas tanto nas delegacias físicas quanto virtuais e podem resultar em penas que variam de seis meses a dois anos de prisão. A delegada Jacqueline Valadares lembra que, após a identificação do suspeito das perseguições, o trabalho da polícia só continua se a vítima autorizar: “A partir do momento dessa identificação, a vítima vai ter um prazo de seis meses para representar contra esse agressor.

Caso a vítima não manifeste esse desejo de representação no prazo de seis meses, ele não vai poder ser responsabilizado criminalmente pela conduta praticada. Isso porque entende-se que é um crime que tem uma relação muito íntima com a esfera de privacidade e intimidade da vítima.”

De acordo com o Fórum de Segurança Pública, que organiza o anuário, a perseguição é um importante indicador do risco de morte de mulheres. E, por isso, ter esse registro é um avanço no enfrentamento do feminicídio. A delegada Jacqueline Valadares acrescentou que, apesar de mais de 80% das vítimas serem mulheres, os homens também podem ser alvos de stalking.

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