Operação contra criptomoedas suspende 25 entidades e uma igreja

Seis mandados de prisão foram cumpridos nesta quarta-feira (19) contra os líderes de uma pirâmide financeira com atuação em mais de 80 países. O grupo é acusado de captar recursos de mais de um milhão e trezentas mil pessoas, totalizando prejuízo estimado em mais de R$ 4 bilhões.

A operação teve atuação conjunta da Polícia Federal, Receita Federal e da Agência Nacional de Mineração. Foi determinada a suspensão das atividades de 26 pessoas jurídicas, inclusive de uma igreja. Também foram bloqueados 20 milhões de dólares, além do sequestro de imóveis, veículos, ouro, joias, lanchas, gado, uma mina de esmeraldas e criptoativos.

De acordo com a Polícia Federal, 41 mandados de busca e apreensão foram realizados no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.

Os investigados tinham forte atuação nas redes sociais, onde ostentavam presença em camarotes, fotos com celebridades, além de viagens.

O esquema funcionava da seguinte forma: os criminosos captavam recursos oferecendo lucro de até 20% ao mês e mais de 300% ao ano. Eles diziam ser sócios de instituições financeiras que na realidade não existiam.

A organização criou duas criptomoedas, sem lastro em dinheiro, e manipulou o mercado para valorizar uma delas em até 38.000% em apenas alguns dias. Dessa forma, a pirâmide dava aparência de lucro para os falsos investimentos.

Para movimentar o dinheiro, foram utilizadas empresas de fachada, parentes e laranjas. O esquema contou com uma entidade religiosa que movimentou mais de R$ 15 milhões.

De acordo com a Polícia Federal, após a prisão de um dos líderes da organização, em Cuba, os criminosos deixaram de repassar os valores para os investidores daquele país e responsabilizaram o governo cubano. Os investigados também inventaram um suposto “ataque hacker”, no fim do ano passado, para não pagar a outros investidores.

Outros países, como Espanha e Panamá, já haviam emitido alertas de que as operações eram pirâmide financeira. Mesmo recebendo reclamações, a organização continuou criando narrativas para não devolver o dinheiro.

Os investigados presos nesta quarta vão responder por crimes contra o sistema financeiro, evasão, lavagem de dinheiro, extração de bem mineral e estelionato. As penas podem chegar a 41 anos de prisão, além de multas ambientais e a perda dos bens.

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