Prevenção e diagnóstico precoce pode evitar cegueira infantil
Casos de cegueira infantil são um problema de impacto global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 500 mil crianças desenvolvem cegueira a cada ano no mundo. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, mais de 27 mil crianças e adolescentes de até 14 anos convivem com a cegueira ou baixa visão severa. A campanha Dezembro Dourado deste ano chama a atenção para a prevenção e os cuidados que podem evitar o agravamento desses quadros. 

De acordo com a oftalmologista Stefânia Diniz, integrante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a maioria dos casos de cegueira infantil pode ser evitada, desde que os pais estejam atentos para sinais simples, como muita aproximação dos objetos ao rosto, tropeços frequentes, dificuldade na escola sem motivo aparente e manchas brancas na pupila em fotos. Ela explica o que fazer ao perceber os sintomas.
“O ideal é agendar uma consulta com um oftalmologista o mais rápido possível. A maioria desses problemas tem tratamento, mas o tempo muitas vezes é precioso. Então, não é bom esperar para ver se vai melhorar sozinho”.
A especialista reforça ainda a importância do diagnóstico precoce.
“O cérebro da criança está em desenvolvimento visual. Existe uma janela crítica de tratamento, principalmente nos primeiros anos de vida. Se nós, oftalmologistas, corrigimos mais cedo esses problemas, como estrabismo, catarata congênita, glaucoma infantil ou um alto grau de miopia, a gente consegue salvar a visão da criança e garantir um desenvolvimento normal desse olhinho”.
Uma ferramenta importante para esse diagnóstico é o teste do reflexo vermelho, conhecido como teste do olhinho, obrigatório nas maternidades desde 2010. O exame é capaz de identificar alterações ainda nas primeiras horas de vida e garantir que o bebê seja encaminhado para avaliação especializada quando necessário.
Mas, e no caso de crianças que já nascem sem enxergar ou desenvolvem a cegueira ao longo da vida de forma irreversível? A educação inclusiva, voltada para pessoas com deficiência, é fundamental para o aprendizado educacional delas. Diversas instituições realizam atendimento e atividades voltadas para essas crianças. Uma delas é o Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio de Janeiro.
Karine Vieira, diretora do Departamento de Educação do instituto, explica como o trabalho é realizado.
“Além dos atendimentos especializados, a gente tenta sempre desenvolver as potencialidades dos nossos alunos. Então, na educação formal, eles têm aulas de música desde a educação infantil, além das aulas de teatro. Eles também têm, além da das atividades de educação física, eles têm os esportes. Então, nós temos judô, natação, goalball, e muitos atletas paralímpicos que se formam no IBC. A gente tem curso técnico em desenvolvimento de sistemas, instrumento musical, artesanato, revisor braile”.
Os cuidados logo no início do desenvolvimento infantil, reforça Karine Vieira, são fundamentais para que a criança cresça com mais autonomia.
“Nosso cérebro na primeira infância ele está aberto a potencialidades. O estímulo tátil, o estímulo motor, o estímulo na educação precoce é muito importante para desenvolver a potencialidade e autonomia da pessoa com deficiência visual”.
No dia 13 de dezembro, Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, o desafio é pensar nessa inclusão com seriedade e respeito. A data foi criada não apenas como uma celebração, mas como um momento de reflexão e para reforçar a importância de eliminar as barreiras que dificultam a plena participação das pessoas com deficiência em todos os espaços da sociedade.










